Todo relacionamento torna-se uma oportunidade para nos conhecermos, e acessar nosso verdadeiro ser. O relacionamento é um convite à transformação.
Em convívio casual podemos mostrar apenas o que temos de melhor e, não tenha dúvida, esta luz existe em todos nós. No entanto, somente a intimidade arranca as máscaras que usamos na ilusão de nos proteger do mundo e, acessamos a escuridão do nosso ser. Então, mostramos as sombras que nos habitam. Estamos ligados aos nossos ancestrais, trazemos em nosso DNA a herança de cada um deles, Somos eles. As células do nosso corpo carregam memórias de cada acontecimento. Temos registros de conflitos, dores, perdas, mortes, alegrias, separações, etc. E que influencia nossa vida, nossos relacionamentos, quando não incluídos e respeitados. Mas em nós também se encontra registros de sabedoria, recursos e ferramentas prontos a serem acionados, quando reconhecidos. As projeções das sombras individuais sempre ocorrerão, alimentando e formando a sombra conjugal, mas o importante é que cada um perceba, por meio da sua participação consciente na dinâmica do casal, a atuação de seus aspectos sombrios neste contexto. Afirma Jung (2013, p.211), que a projeção auxilia o casal a passar de um relacionamento coletivo para um relacionamento pessoal quando mostra ao indivíduo o que existe em seu inconsciente que precisa tornar-se consciente e integrado. A convivência intensa rasga famílias, relacionamentos, casamentos ou os tornam mais fortes, como guerreiros cujos laços restam fortalecidos após se ajudarem em árduas batalhas, em provas cruciais de amadurecimento e aprimoramento. O casal que aprende a compartilhar alegrias e dificuldades pode perceber com mais clareza quando ambos têm conflitos a serem compreendidos e resolvidos. Como na maioria das vezes não é isso o que acontece, os parceiros passam a reivindicar um do outro a participação na solução de seus próprios conflitos. O sofrimento gerado a partir do esforço que cada um faz em atender necessidades que não são suas é a causa de angústia nos relacionamentos conjugais. No entanto a humildade e a compaixão compõem o antídoto. Paciência, respeito e coragem são indispensáveis para que o relacionamento avance. O amor transforma... O amor cura!
Irinéia Meira
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